De acordo com um estudo recente sobre a resposta do cérebro a alimentos picantes, expectativas positivas podem transformar o desconforto causado pela picância em uma experiência agradável.

O estudo, conduzido por pesquisadores da China e dos Estados Unidos, lança luz sobre por que algumas pessoas amam alimentos picantes enquanto outros acham insuportável.

A Ciência por trás das sensações picantes

A capsaicina, o composto ativo em pimentas, estimula os receptores de dor na língua humana. Enquanto a sensação física permanece a mesma, as reações individuais variam muito, deixando os cientistas intrigados. Publicado na revista PLOS Biology, o estudo revela que expectativas positivas sobre a picância reduzem a intensidade percebida da dor e amplificam o prazer. Por outro lado, expectativas negativas intensificam o desconforto e amplificam a dor.

Os pesquisadores explicaram que "as expectativas moldam nossas percepções, influenciando profundamente nossa compreensão do mundo". Expectativas positivas, como aquelas ligadas ao efeito placebo, ativam os sistemas de recompensa do cérebro, liberação de opioides endógenos e vias de regulação da dor. Expectativas negativas, no entanto, podem desencadear ansiedade e amplificar a dor, semelhante ao efeito nocebo.

Investigando preferências por comida picante

Para examinar como "expectativas hedônicas" (antecipação de prazer ou desprazer) afetam as experiências subjetivas, a equipe de pesquisa analisou as respostas neurais e comportamentais dos participantes a molhos picantes. Os participantes, independentemente de gostarem ou não de alimentos picantes, foram expostos a molhos de pimenta de alta ou baixa intensidade ou água. Em seguida, foram solicitados a avaliar suas experiências sensoriais, incluindo quão "picante" a sensação era e seu nível de prazer.

Usando ressonância magnética funcional (fMRI), a equipe avaliou como pistas visuais indicando os níveis de picância influenciaram as avaliações dos participantes.

O papel das expectativas no cérebro

O estudo descobriu que participantes com expectativas positivas para a picância mostraram aumento da atividade em regiões cerebrais associadas ao efeito placebo e ao prazer. Em contraste, aqueles com expectativas negativas exibiram ativação intensificada em áreas do cérebro ligadas ao processamento da dor.

A pesquisadora principal Luo Yi, da Universidade Normal do Leste da China, observou que ficou surpresa ao ver como as expectativas negativas intensificaram a resposta à dor do cérebro, mesmo quando o estímulo permanecia inalterado. Isso destaca como antecipar o desconforto pode intensificar significativamente a experiência da dor.

Implicações e futuras direções

Os resultados sugerem que as expectativas hedônicas moldam assimetricamente como o cérebro processa a entrada sensorial, influenciando experiências subjetivas de intensidade, prazer e dor. O estudo conclui que mesmo experiências sensoriais idênticas podem ser moduladas pela perspectiva antecipada do indivíduo.

Luo expressou a esperança de que essas descobertas possam inspirar uma maior exploração de como as expectativas moldam as experiências sensoriais, potencialmente oferecendo abordagens inovadoras para o gerenciamento da dor e melhorias terapêuticas. Ela também enfatizou as diferenças culturais e individuais nas preferências alimentares, insinuando o potencial para estratégias personalizadas de manejo da dor enraizadas em origens e experiências únicas.

Esta pesquisa inovadora não apenas fornece um entendimento mais profundo das preferências por alimentos picantes, mas também abre caminho para abordagens inovadoras para o gerenciamento da dor e o aumento do bem-estar.