Cenas cortadas
Fernanda Rocha
Fernanda Rocha
| 04-09-2025
Equipe de Entretenimento · Equipe de Entretenimento
Cenas cortadas
Às vezes saímos do cinema pensando: “Foi bom... mas algo pareceu estranho.” E se essa sensação de estranheza for porque o final original — a verdadeira visão do diretor — nunca foi mostrado pra gente?
Todos nós já assistimos a filmes em que a versão final parece bem feita e redondinha, mas, ao mesmo tempo, estranhamente vazia.
Isso geralmente acontece quando cenas importantes — especialmente os finais — foram cortadas por causa do tempo ou para agradar ao público. Mas aqui está a questão: esses finais cortados podem, na verdade, conter a alma do filme.

Por que os estúdios cortam os finais, afinal?

A gente entende — tempo é dinheiro. Os estúdios de cinema costumam cortar cenas para encurtar a duração do filme, facilitar a divulgação ou passar em testes com o público. Alguns finais são considerados sombrios demais, confusos ou não “felizes o suficiente” para o grande público. Mas quando essas cenas são removidas, muitas vezes perdemos emoções mais profundas, a evolução dos personagens ou a verdadeira mensagem que o diretor queria nos deixar.

Vamos pegar um exemplo: "Eu Sou a Lenda"

Muita gente se lembra de *Eu Sou a Lenda*, com Will Smith enfrentando criaturas mutantes enquanto tenta encontrar a cura. Na versão exibida nos cinemas, ele se sacrifica em uma explosão — um final heróico. Mas o final deletado era algo completamente diferente. Nele, vemos um momento de paz e entendimento entre as criaturas e o doutor. Isso vira a história de cabeça para baixo, mostrando que as criaturas não eram monstros, mas seres com emoções e amor. De repente, ele se torna a “lenda” — não por lutar contra elas, mas por ser a ameaça. Esse final cortado nos faz repensar tudo. Sem ele, tivemos só mais um final típico de ação. Com ele, recebemos um alerta moral.

Blade Runner: o exemplo perfeito de um corte mal compreendido

Vamos falar de *Blade Runner*. O lançamento original de 1982 teve um final feliz adicionado pelo estúdio e removeu uma pergunta essencial: será que Deckard era um replicante? Mas na versão do diretor — e ainda mais na versão final — essas partes ausentes foram restauradas. A atmosfera muda completamente. O filme se torna mais filosófico, mais humano. E adivinha? Essa versão é agora amplamente admirada. Fica claro que a versão cortada nunca refletiu de verdade a essência do filme.
Cenas cortadas

Às vezes não é sobre clareza — é sobre impacto

Não estamos dizendo que toda cena deletada é uma obra-prima. Algumas são cortadas com razão. Mas quando o final é removido ou alterado, perdemos o fechamento da história. Ou pior: perdemos a carga emocional que vinha sendo construída. Os melhores finais nem sempre explicam tudo — eles nos fazem sentir. Eles ficam na nossa mente. E, infelizmente, muitos desses finais nunca saem da sala de edição.

Queremos a história real, não a versão polida

Como amantes do cinema, não precisamos que tudo seja limpo e simples. Estamos de boa com finais que nos fazem pensar — ou até doer um pouco. O que queremos mesmo é a visão do diretor — a história como ela deveria ser contada. A verdade é que, quando um final acerta, ele eleva o filme inteiro. Mas quando é diluído ou apagado, tudo parece... incompleto.

Não deixemos essas cenas serem esquecidas

Então, da próxima vez que ouvirmos falar de um “final deletado”, talvez seja melhor não ignorar. Talvez seja a versão que deveríamos ter visto. Talvez aquela cena tivesse a mensagem, a virada, o peso que estávamos sentindo falta. E talvez, só talvez, essa peça perdida fosse o que tornaria o filme realmente inesquecível.

E você?

Você já assistiu a uma versão do diretor ou a uma cena deletada que mudou completamente a forma como viu um filme? Vamos conversar sobre isso — compartilhe nos comentários um título ou um momento que te deixou de queixo caído. Quem sabe juntos a gente não redescobre finais que merecem uma segunda chance?