Segredos do café pelo mundo
Lucas Silva
Lucas Silva
| 04-09-2025
Equipe de Alimentação · Equipe de Alimentação
Segredos do café pelo mundo
Você começa o dia com café.
Talvez seja um rápido espresso. Um latte gelado e alto. Ou uma lenta dose servida de uma pequena cafeteira.
Não importa como você toma, seu hábito de café não é só sobre cafeína. É sobre ritual, ritmo e lugar.
Porque ao redor do mundo, café não é uma bebida só — são centenas.
E cada versão conta uma história: sobre paciência, conexão ou o ritmo da vida diária.
Vamos fazer uma viagem por algumas das tradições de café mais icônicas — não só como são feitas, mas o que dizem sobre quem as bebe.

Itália: a arte do momento rápido

Na Itália, café não é um hábito para levar. É uma pausa. Você entra num pequeno café, fica em pé no balcão, pede um espresso e toma em dois ou três goles — em minutos. Nada de copos grandes. Nem refil. Não é corrido. É intencional. O tamanho pequeno mantém o sabor intenso.
Ficar em pé mantém o momento breve e social. Tomar rápido honra a frescura. Peça um cappuccino depois das 11h, e pode ganhar um olhar educado. Na Itália, bebidas com leite são rituais matinais — leves, confortantes e feitos antes do dia ficar sério.
O Dr. Luca Moretti, antropólogo cultural da Universidade de Bolonha, explica:
"O espresso italiano não é sobre produtividade. É um reset diário. Um momento de calor, sabor e troca humana. Você não está só tomando café — está participando de um ritmo compartilhado."

Vietnã: doçura no calor

No Vietnã, onde o ar é quente e úmido a maior parte do ano, o café é forte, encorpado — e surpreendentemente doce. O café gelado vietnamita é feito pingando café torrado escuro (frequentemente com chicória) sobre um copo de leite condensado adoçado, depois adicionando gelo.
Por que leite condensado? Porque o leite fresco era difícil de conservar no calor. O substituto doce e cremoso não só durava mais — criava um novo perfil de sabor: intenso, suave e profundamente satisfatório.
Hoje, é um favorito nacional. Servido em copinhos com gelo, é energizante e refrescante.
Forte o bastante para te despertar
Doce o suficiente para parecer um agrado
Gelado o bastante para aguentar o sol da tarde
E no Vietnã, costuma ser apreciado devagar — num pequeno banquinho plástico, assistindo o mundo passar.

Suécia: café como pausa social

Na Suécia, café não é só uma bebida. É uma pausa cultural chamada fika — pronunciado fee-ka. Acontece no meio da manhã ou da tarde. Você para o trabalho. Sentar com um colega, amigo ou até um estranho. Pede café — geralmente torrado claro, suave, servido com leite — e acompanha com um pão de canela ou um doce simples.
Mas fika não é sobre comida ou cafeína. É sobre desacelerar.
É socialmente aceito parar — até no trabalho.
Sem telefone. Sem pressa. Só conversa.
Constrói confiança, uma xícara de cada vez.
Os suecos fazem fika diariamente. Não é luxo. É um ritmo incorporado à vida. Como observa a Dra. Anna Lind, socióloga da Universidade de Estocolmo: "Fika é um dos rituais mais democráticos da Suécia. O CEO e o estagiário sentam na mesma mesa. Não é sobre status. É sobre ser humano junto."

Etiópia: onde o café começou como cerimônia

Na Etiópia, café não é só consumido — é reverenciado. Muitos acreditam que o café foi descoberto primeiro nas terras altas etíopes. E hoje, a cerimônia do café continua sendo o centro da vida social. Leva mais de uma hora. Os grãos são torrados no fogo, enchendo o ambiente de vapor e aroma.
Depois são moídos e preparados numa jebena, uma panela de barro com base arredondada e bico longo. O café é servido em xícaras pequenas, muitas vezes com incenso queimando por perto. São servidas três rodadas. Cada uma tem nome. Cada uma tem significado. É sinal de respeito, paciência e acolhimento. E você não apressa. Conversa. Ri. Fica.
Segredos do café pelo mundo
Na próxima vez que servir sua xícara matinal, pergunte-se: o que seu ritual do café diz sobre seu dia? Você está se energizando? Conectando? Pausando?
Porque a forma como tomamos café não reflete só o gosto. Reflete como seguimos a vida. E talvez, só talvez, exista um pouco de fika, uma cerimônia ou uma doçura no seu jeito de saborear.
Qual cultura do café parece mais com a sua? Ou qual você gostaria de experimentar — só pelo ritual? A bebida favorita do mundo espera, uma xícara de cada vez.