O universo das sombras
Amanda Fernandes
| 14-10-2025

· Equipe de Astronomia
Ei, Lykkers! Você já parou pra pensar se existe algo além do que podemos ver, tocar ou até medir no universo?
Pois é, a ciência diz que sim — e um dos conceitos mais fascinantes que estão sendo explorados agora é o das chamadas partículas-sombra.
Elas não são fantasmas nem ficção científica — são uma possibilidade teórica que pode mudar completamente a forma como entendemos desde a matéria escura até dimensões paralelas. Vamos entender melhor.
O que são “partículas-sombra”?
As partículas-sombra fazem parte de uma hipótese baseada na teoria da matéria espelho, que sugere que, para cada partícula conhecida em nosso universo, pode existir uma versão “espelhada” em um setor oculto — uma espécie de universo paralelo que interage com o nosso principalmente por meio da gravidade.
Essa ideia foi proposta pela primeira vez na década de 1950, mas ganhou força nos anos 1990, quando físicos como R. Foot e S.N. Gninenko revisitaram o conceito para tentar explicar a matéria escura.
De acordo com essa teoria, essas partículas espelho teriam seus próprios átomos, fótons, estrelas e galáxias “espelho”.
Elas não interagiriam com a nossa matéria por meio do eletromagnetismo (ou seja, não poderíamos vê-las nem tocá-las), mas exerceriam influência gravitacional — o que poderia ajudar a explicar por que as galáxias giram da forma como giram, mesmo sem termos massa visível suficiente para justificar isso.
Como isso se relaciona com a matéria escura?
Ótima pergunta. A matéria escura é um dos maiores mistérios da astrofísica. Ela compõe cerca de 27% do universo (em comparação com apenas 5% da matéria comum), mas ainda não conseguimos detectá-la diretamente.
Uma das hipóteses é que a matéria escura seja, na verdade, matéria espelho — ou seja, formada por partículas-sombra. Essas partículas não emitiriam luz, tornando-se invisíveis aos nossos telescópios, mas teriam massa, o que explicaria a força gravitacional observada nas galáxias.
Experimentos como o DAMA/LIBRA, na Itália, detectaram sinais incomuns que alguns cientistas acreditam poder ser resultado da interação rara entre matéria espelho e matéria comum. No entanto, esses resultados ainda são discutidos e não têm consenso na comunidade científica.
É possível detectar partículas-sombra?
Essa é a pergunta de um milhão de dólares. Como as partículas-sombra não interagem conosco por meio de forças eletromagnéticas (as mesmas que alimentam nossos instrumentos de detecção), não podemos vê-las, tocá-las ou refletir luz nelas. Mas os cientistas estão sendo criativos.
Aqui estão algumas formas pelas quais os pesquisadores estão tentando detectá-las:
- experimentos de oscilação de nêutrons: alguns laboratórios estão testando se nêutrons podem se transformar temporariamente em nêutrons espelho. O Instituto Laue–Langevin (ILL), na França, e o Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos Estados Unidos, já investigaram isso com feixes de nêutrons ultrafrios.
A ideia é que, se um nêutron desaparecer e reaparecer em um ambiente controlado, ele pode ter “viajado” para o mundo espelho e voltado;
- observações astrofísicas: pesquisadores estão analisando o lenteamento gravitacional (como a luz se curva ao redor de massas invisíveis) e o fundo cósmico de micro-ondas para buscar indícios dos efeitos gravitacionais da matéria espelho;
- colisores de partículas: alguns teóricos acreditam que colisões de alta energia — como as do Grande Colisor de Hádrons (LHC) do CERN — possam gerar partículas espelho que deixariam “assinaturas” de energia desaparecida, ou seja, energia que parece sumir da nossa perspectiva.
Por que isso é importante
Detectar partículas-sombra seria uma verdadeira revolução.
Isso poderia resolver vários mistérios cósmicos de uma só vez: o que é a matéria escura? Existem dimensões ocultas? Pode haver um universo-sombra coexistindo com o nosso?
Essa pesquisa também amplia nossa compreensão sobre a simetria na física — uma ideia central de que a natureza busca equilíbrio. Se a matéria espelho realmente existir, o universo pode ser muito mais simétrico e organizado do que jamais imaginamos.
Reflexões finais
Então, Lykkers, embora ainda não tenhamos “visto” oficialmente partículas-sombra, a ciência por trás disso não é mera especulação — ela se baseia em dados reais, modelos matemáticos e experimentos em andamento. A busca está viva, e a cada ano os físicos se aproximam um pouco mais de desvendar essa metade invisível do universo.
Quem sabe? Talvez ainda em nossa vida o mundo das sombras saia finalmente à luz.
Quer se aprofundar em alguma teoria ou experimento específico citado aqui? Pode contar comigo!