Superalimentos!
Isabela Costa
| 20-10-2025

· Equipe de Alimentação
Parado no corredor do supermercado, você provavelmente já reparou nos pacotes coloridos de sementes de chia, pó de açaí ou spirulina prometendo desde pele radiante até energia sem fim.
A palavra “superalimento” carrega um certo encanto, fazendo parecer que esses produtos são indispensáveis para quem se preocupa com a saúde.
Mas será que eles realmente cumprem o que prometem, ou é mais propaganda (marketing) do que ciência?
O que faz um alimento ser “super”?
O termo “superalimento” não é uma classificação científica — é mais um rótulo atraente. Os alimentos divulgados dessa forma costumam ser ricos em nutrientes, antioxidantes e outros compostos associados à boa saúde. Mirtilos, couve, quinoa e sementes de chia são exemplos clássicos.
Eles realmente têm nutrientes impressionantes, mas aqui vai o detalhe: muitos alimentos comuns, como maçãs, feijões ou aveia, também oferecem grandes benefícios para a saúde — só não têm um nome de propaganda (marketing) chamativo.
O que torna os superalimentos tão atraentes é a alta concentração de nutrientes em pequenas porções. Por exemplo, as sementes de chia são cheias de ácidos graxos ômega-3 e fibras, enquanto os mirtilos contêm antioxidantes que ajudam a combater inflamações.
Ainda assim, nenhum alimento isolado, por mais nutritivo que seja, substitui uma alimentação equilibrada e variada.
A máquina da propaganda (marketing) por trás dos superalimentos
O crescimento dos superalimentos está diretamente ligado a campanhas da propaganda (marketing) inteligentes. As marcas de produtos naturais sabem que os consumidores são atraídos por itens que parecem exclusivos e cheios de promessas.
Palavras como “exótico” e “ancestral” são associadas a esses alimentos, dando a eles um ar de mistério que bananas ou cenouras dificilmente têm.
Mas esse apelo muitas vezes vem acompanhado de preços inflacionados. Um pequeno pacote de quinoa pode custar várias vezes mais que o arroz — embora ambos sejam ótimas fontes de carboidratos complexos.
Da mesma forma, pós de açaí ou matcha costumam custar muito mais do que frutas comuns ou saquinhos de chá-verde, mesmo oferecendo nutrientes semelhantes.
Alimentos do dia a dia que fazem o mesmo efeito
A verdade é que você não precisa gastar uma fortuna em produtos da moda para obter os benefícios prometidos pelos superalimentos.
Muitos alimentos acessíveis e fáceis de encontrar oferecem vantagens parecidas:
1. feijões e lentilhas: ricos em proteínas, fibras e minerais; muitas vezes subestimados, mas essenciais para a saúde do coração e do intestino;
2. aveia: um clássico do café da manhã, cheia de fibras solúveis que ajudam na digestão e no controle do colesterol;
3. cenouras e batatas-doces: fontes econômicas de betacaroteno, que o corpo transforma em vitamina A, importante para a saúde dos olhos e da pele;
4. maçãs e laranjas: repletas de vitaminas, antioxidantes e fibras, custam bem menos que tigelas de açaí, mas fortalecem a imunidade do mesmo jeito;
5. verduras: espinafre e repolho podem não soar glamourosos, mas oferecem vitaminas, minerais e compostos que rivalizam com os benefícios tão divulgados da couve.
Ao incluir esses alimentos acessíveis nas suas refeições diárias, você garante nutrientes de qualidade sem pesar no bolso.
Como aproveitar melhor os superalimentos
Isso não quer dizer que os superalimentos sejam inúteis. Muitos deles são realmente nutritivos e podem deixar suas refeições mais variadas.
A chave é equilíbrio e bom senso. Aqui vão algumas dicas práticas:
1. veja-os como complementos: os superalimentos podem enriquecer a dieta, mas não devem ser vistos como essenciais ou milagrosos;
2. misture, não dependa: combine sementes de chia com aveia ou adicione couve à sopa, mas não espere que sozinhos transformem sua saúde;
3. compre com inteligência: se você gosta desses produtos, procure versões a granel ou de produtores locais para economizar.
Foque no padrão alimentar, não em um único item: o que realmente importa é o conjunto da sua alimentação. Uma rotina equilibrada, com frutas, legumes, grãos integrais e leguminosas, faz muito mais pela saúde a longo prazo do que o uso ocasional de um pó caro.
Uma visão equilibrada
Os superalimentos não são uma farsa — mas também não fazem milagres.
O problema é que o exagero das promessas costuma ofuscar o que realmente importa: a saúde vem da variedade, da moderação e da consistência.
Uma vitamina (smoothie) com espirulina ou uma salada com quinoa podem fazer parte de uma dieta saudável, mas não são mais “super” do que uma simples maçã ou um prato de sopa de lentilha.
Da próxima vez que você sentir vontade de gastar com a nova tendência de superalimento, pergunte a si mesmo: eu realmente preciso disso, ou posso ter os mesmos benefícios com o que já tenho na cozinha? Muitas vezes, a resposta está ali mesmo, na sua despensa.