A evolução dos snacks
Rafael Oliveira
| 20-10-2025

· Equipe de Alimentação
Os snacks evoluíram de simples ofertas de vendedores de rua para protagonistas nas prateleiras de supermercados ao redor do mundo.
Essa transformação reflete mudanças no comportamento do consumidor, no estilo de vida e até em aspectos culturais.
De receitas tradicionais passadas de geração em geração a guloseimas industrializadas modernas, a indústria de snacks se tornou parte importante do nosso cotidiano. Mas como ocorreu essa transição e o que ela revela sobre a forma como consumimos alimentos?
Vendedores de rua: o berço dos snacks
Nos primórdios, os snacks estavam intimamente ligados aos mercados locais e aos vendedores de rua. Esses alimentos não eram produzidos em larga escala, mas sim preparados por pequenos comerciantes que atendiam suas comunidades imediatas.
Normalmente, eram simples, pouco processados e fortemente conectados à cultura local. Frutas frescas, castanhas torradas ou pães achatados quentes eram feitos com ingredientes da região, muitas vezes preparados na frente do cliente.
Os vendedores de rua criavam um ambiente de conveniência, acessibilidade e interação, permitindo que as pessoas consumissem algo rápido a caminho do trabalho, da escola ou após um dia de labor.
Esses alimentos eram econômicos e satisfatórios, representando as necessidades da classe trabalhadora e de quem estava sempre em movimento. O crescimento da venda ambulante teve papel significativo na formação da cultura de snacks, tornando-os acessíveis a todos.
A ascensão dos snacks embalados
Com o crescimento das cidades e a industrialização, houve uma mudança dos snacks frescos e locais para alternativas embaladas e produzidas em massa. Esse avanço foi possível graças ao progresso tecnológico na conservação e processamento de alimentos.
A invenção da refrigeração e de materiais de embalagem mais eficientes aumentou a vida útil dos produtos, permitindo que snacks fossem produzidos em grande escala e vendidos além dos mercados locais.
No início do século XX, snacks como batatas fritas, biscoitos e quadrados de doce começaram a aparecer nos supermercados. Empresas como Lay’s, Nabisco e Hershey’s foram pioneiras em levar um alimento que antes era vendido nas ruas para um mercado mais amplo e comercial.
Consumidores, em busca de praticidade e variedade, abraçaram essas novas opções, que podiam ser facilmente armazenadas em casa. O boom dos snacks embalados coincidiu com a ascensão dos supermercados, que se tornaram os principais pontos de distribuição desses produtos.
Supermercados e a era da conveniência
Nos anos 1950 e 1960, os supermercados transformaram a forma como as pessoas compravam alimentos. Com lojas maiores, surgiram corredores mais variados e amplos, incluindo um espaço exclusivo para snacks. A conveniência dos alimentos embalados se encaixou perfeitamente no ritmo acelerado do pós-guerra.
Não era mais necessário visitar vendedores individuais — agora era possível adquirir uma grande variedade de snacks em uma única ida ao supermercado.
Os supermercados também mudaram as expectativas dos consumidores. Os snacks deixaram de ser apenas um agrado ocasional e passaram a fazer parte do cotidiano. Do doce ao salgado, do saudável ao indulgente, a variedade e a disponibilidade aumentaram exponencialmente.
Campanhas de propaganda (marketing) posicionaram os snacks como práticos, divertidos e saborosos — ideais para famílias e pessoas ocupadas que buscavam soluções rápidas.
A globalização dos snacks
À medida que os snacks se tornaram produtos mainstream, sua disponibilidade se expandiu globalmente. A globalização trouxe sabores e variedades internacionais a novos mercados, tornando os snacks um fenômeno verdadeiramente global.
As empresas ampliaram seu alcance e, com isso, a variedade de produtos. Preferências locais começaram a evoluir à medida que marcas internacionais introduziram seus produtos em diferentes regiões, adaptando sabores aos gostos locais.
Ao mesmo tempo, as culturas de snacks locais continuaram a prosperar, com vendedores regionais mantendo receitas tradicionais profundamente enraizadas em suas identidades culturais. A fusão da comida de rua tradicional com marcas globais criou uma cultura de snacks dinâmica, diversa e amplamente disponível.
A revolução do consumo consciente
Nas últimas décadas, houve uma mudança na forma como os consumidores encaram os snacks. A maior preocupação com a saúde levou à demanda por opções mais saudáveis. O crescimento de snacks orgânicos, sem glúten e com baixo teor de açúcar reflete o interesse crescente por nutrição e bem-estar.
Os consumidores se tornaram mais seletivos, escolhendo produtos que ofereçam benefícios funcionais, como melhor perfil nutricional, ingredientes naturais e embalagens ecologicamente corretas. A indústria respondeu diversificando suas opções.
Marcas que antes produziam snacks açucarados passaram a lançar alternativas mais saudáveis, como barrinhas de proteína, frutas secas, chips de legumes e snacks à base de plantas.
Essa mudança impulsionou a inovação em embalagens, ingredientes e propaganda (marketing), atendendo às demandas dos consumidores conscientes sem abrir mão da praticidade e do sabor.
Conclusão: o futuro dos snacks
De vendedores de rua a supermercados, os snacks percorreram um longo caminho, adaptando-se continuamente aos gostos e exigências dos consumidores.
A transformação da produção artesanal e local para produtos industrializados e agora para alternativas mais saudáveis demonstra a flexibilidade e o crescimento do mercado.
Hoje, os snacks fazem parte do estilo de vida moderno, e o futuro provavelmente trará ainda mais personalização, sustentabilidade e opções saudáveis inovadoras.
Seja em movimento ou em um momento de prazer consciente em casa, a trajetória dos snacks reflete uma complexa interação entre conveniência, cultura e escolhas do consumidor.