Preferências alimentares
Lucas Silva
Lucas Silva
| 06-11-2025
Equipe de Alimentação · Equipe de Alimentação
Preferências alimentares
Já parou para pensar por que alguns alimentos fazem nossas papilas gustativas dançarem de alegria, enquanto outros simplesmente não nos atraem? Por que o chocolate é irresistível, mas vegetais amargos podem nos afastar?
A verdade é que a ciência do sabor é uma mistura fascinante de biologia, genética, cultura e experiência. Vamos entender por que gostamos de certos alimentos e o que realmente acontece por trás das cenas.

O que é sabor?

O sabor é um dos cinco sentidos básicos, mas é mais complexo do que apenas identificar gostos. Quando comemos, nossas papilas gustativas detectam cinco gostos fundamentais, doce, azedo, salgado, amargo e umami (aquele sabor “saboroso, carnudo”).
Esses receptores enviam sinais ao cérebro, ajudando a identificar o que estamos consumindo. Mas o sabor não depende apenas da língua. O olfato tem um papel enorme — grande parte do que chamamos de “sabor” é, na verdade, cheiro. Por isso, a comida pode parecer sem graça quando estamos com o nariz entupido.

Como funcionam as papilas gustativas

A língua está coberta por milhares de papilas, cada uma com células receptoras especializadas. Elas respondem a químicos presentes nos alimentos — açúcares, ácidos, sais ou compostos amargos — e enviam mensagens ao córtex gustativo do cérebro, responsável por processar o sabor.
Embora diferentes áreas da língua sejam mais sensíveis a certos sabores, a ideia do “mapa da língua” com zonas rígidas é ultrapassada. Todos os sabores podem ser detectados em toda a língua, apenas com sensibilidades diferentes.

A evolução explica nossas preferências

Nossas preferências gustativas não surgiram por acaso.
- Doce: sinaliza alimentos ricos em energia (como açúcares), por isso temos tendência natural a gostar deles;
- salgado: essencial para função nervosa e hidratação, também nos atrai;
- amargo: muitas vezes indica toxinas ou venenos. Por isso, evitamos alimentos muito amargos.
Alguns alimentos amargos, como café, couve ou chocolate amargo, tornam-se agradáveis com o tempo, devido a hábitos culturais ou exposição repetida.

Genética tem um papel importante

Seu DNA influencia parcialmente suas preferências.
- Superdegustadores: têm mais papilas e são mais sensíveis a sabores amargos ou picantes, podendo achar certos vegetais ou temperos intensos demais;
- não-degustadores: têm menos papilas e percebem sabores sutis com menor intensidade.
Variações nos genes relacionados a receptores de sabor tornam seu paladar único.
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Cultura e experiência também contam

O sabor não é apenas biologia — cultura e experiência de vida moldam o que você gosta. O que você come desde pequeno, os temperos a que é exposto e o contexto social influenciam suas preferências.
Por exemplo, alimentos picantes são apreciados em algumas culturas, mas evitados em outras. A exposição repetida também pode mudar gostos ao longo da vida — algo que você não gostava quando criança pode se tornar seu favorito.

Além do sabor: o futuro da ciência alimentar

Cientistas usam esse conhecimento para melhorar dietas e saúde. Pesquisas buscam formas de tornar alimentos saudáveis, como vegetais, mais doces ou atraentes sem adicionar açúcar ou sal. Compreender o sabor em nível molecular pode ajudar a combater doenças relacionadas à dieta, como obesidade e diabetes.
Da próxima vez que você der uma mordida no seu doce favorito ou franzir o nariz para algo amargo, lembre-se, não são só suas papilas falando. É um sistema complexo de biologia, genética, cultura e cérebro trabalhando em conjunto.